Intimamente associada à criação e implementação de rotinas diárias, a autonomia é uma das principais competências que se adquirem pela repetição e interiorização das tarefas que são necessárias cumprir, incentivando a que as crianças organizarem o seu tempo sem que os adultos tenham necessidade de as relembrar dos seus compromissos.
As crianças possuem a incrível capacidade de desenvolver a sua autonomia e autorregulação, sendo por isso essencial que os adultos acreditem na capacidade que estas têm de exprimir de forma autónoma os seus desejos e projetos, procurando desenvolver indivíduos com ferramentas para se superarem constantemente (Neto, 2017).
Deste modo, à medida que a criança cresce e vai conquistando a sua liberdade, as manifestações espontâneas desta conquista tornam-se naturais, justificando assim a finalidade da primeira forma de intervenção educativa como sendo a condução da criança à independência e à autonomia (Montessori, 2017). É fundamental que os processos sejam progressivos e constantes nos primeiros anos de vida.
Adicionalmente, as rotinas estabelecidas fomentam o desenvolvimento de competências como a autoestima, organização, curiosidade e desejo de aprender, associadas também à construção da autonomia e da aprendizagem do ser, do estar e do fazer (Pereira, 2014, cit. por Moufarda, 2014).
Dotar a criança de maior liberdade de organização e gestão do seu tempo e das suas tarefas irá, deste modo, promover o desenvolvimento da sua autonomia, confiança e capacidade de se regular sem a orientação constante do adulto.
Referências bibliográficas
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